4.23.2007

Continuidade

Confitos em tempos sem honra...
Vejo nós, vejo pedaços, vejo sobras de momentos... Agora!
Sem mais, sem menos, sem nada...
um pesar, uma angústia, uma verdade... Um lamento.

Diferente poderia ser. Diferente não é! E querer o dia, quando
é noite, fica além do poder que temos.

Melhor seria, nem a tristeza sequer se oporia, se dentro de um
pedaço amargo de dezprezo, em seu fim, sentíssemos um suave
sabor de esperança!

Não é igual para ninguém, mas célebres contornos de sobriedade
não conseguem muito tempo conter o vazio, a hipocrisia...

O sinismo, a não lealdade faz do homem um ser distante de Deus...
um ser distante de si mesmo...
Um ser distante de suas verdades.. distante de sua sobriedade,
Distante de qualquer coisa.

Os conflitos internos torturam a alma, alívio não chega..
A fé se esvai... e tudo se perde.

Quando um homem faz da paz um turbilhão de desgostos,
Quando um homem faz do amor e do respeito uma frustração...
Quando todos falam, mas a verdade não é vista, então não percamos
tempo! Pois os limites são curtos...

Talvez só eu saiba o que estou dizendo. Talvez só eu entenda.
Em anos de vida vi atos e uma história que eu configuraria diferente.
Mas é só um breve desabafo... não mais importa...
Mas melhor seria se tal lapso de desgostos e erros pudessem ser convertidos
em mínimos traços de arrependimento e perdãio a si mesmo.
Mas assim não é... Só me resta lamentar!

4.13.2007

(In)diferença


Os dias não eram diferentes,
Ou eu não sabia comparar
Só sei que talvez eu saiba
Não saber mudar
A cor da pele fascina
A cor da pele permite bronzear
A cor da pele queima
A cor da pele vai te ajudar
A loucura
é saudável
A ousadia é importante
A rebeldia é controlável
A independência é repugnante
Será que há diferença
?
Ou é apenas outro jeito de enxergar
Às vezes
parece que não vemos nada
E que os olhos são só para enfeitar


Edney Souza

4.04.2007

O SENHOR VISHNU


O senhor Vishnu estava tão farto das contínuas petições do seu devoto que um dia apareceu diante dele e lhe disse:
- Decidi conceder-te as três coisas que desejas pedir-me. Depois não voltarei a te conceder mais nada.

Cheio de alegria, o devoto fez seu primeiro pedido sem pensar duas vezes.
Pediu que sua mulher morresse para que pudesse se casar com uma melhor.

Seu pedido foi imediatamente atendido.
Mas quando seus amigos e parentes se reuniram para o funeral e começaram a recordar
as boas qualidades da finada esposa, o devoto caiu em si, conclui que havia sido um pouco precipitado.

Agora reconhecia que havia sido absolutamente cego às virtudes da mulher.

Por acaso, será que era mais fácil encontrar outra mulher tão boa como ela?
De maneira que pediu ao Senhor que a ressuscitasse. Com isso, só lhe restava um pedido a fazer.
Estava decidido a não cometer um novo erro, porque desta vez não teria possibilidade de remediá-lo.

Pediu, então, conselho aos demais.

Alguns amigos o aconselharam a pedir a imortalidade.
Mas de que serviria a imortalidade – disseram-lhe os outros – se não tinha saúde?
E de que serviria a saúde, se não tivesse dinheiro? E de que serviria o dinheiro, se não tivesse amigos?
Passavam-se os anos e não podia determinar o que deveria pedir: vida, saúde, riquezas, poder, amor...?

Por fim, suplicou ao Senhor:
- Por favor, aconselha-me. O que devo pedir?
O senhor riu ao ver os apuros do pobre homem e lhe disse:
- Pede para seres capaz de contentar-te com tudo o que a vida te ofereça, seja lá o que for.

- Anthony de Mello -